terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Há alguns dias fui tomada de um sentimento novo, de um misto de sentimentos, após ouvir de uma criança, fruto de minorias, que não falaria comigo porque "não gostava de gente "preta". Mix de vergonha alheia e indignação me tomaram e tudo o que fiz foi olhar aquela criança e me calar. Criança... Criança como as centenas que já passaram por minhas mãos em 13 anos como professora, criança como as centenas que já abracei em momentos descontraídos ou difíceis, criança como as dezenas que, por motivo ou outro, eu quis ajudar. E eu a quis ajudar...

Não ouvi nenhum pedido de desculpa dessa criança, não ouvi nenhum pedido de desculpa dos responsáveis por tal criança. E como esse silêncio me diz! Porém, se tal fosse feito hoje ou se for feito algum dia, nada mais me dirá. Derramado o caldo foi.

Tristemente não consigo mais agir naturalmente com essa criança. Sem brincadeiras, sem graça, sem sorrisos... Minha memória me joga no passado, naquele dia que para mim não marcou. Me marcou. Infelizmente sou julgada por isso. E quem julgou a criança? Ainda assim prefiro que tenha sido comigo a ter sido com minha sobrinha, ou com um/a filho/a, ou com um pequeno indefeso porque sei me defender de tais apontamentos, mas não permitiria que o mesmo passasse como passou.

Pode até ser que você pense que é bobagem, que é coisa de criança, que estou errada, só que, no meu entendimento, a falta de retratação soou, e ressoa como um "quem cala consente". Consentimento que é nó amargo preso em minha garganta.

E o que você pensa? O que pensa você acerca do racismo infantil?

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